quinta-feira, 18 de março de 2010

A Hidroelétrica da Serra da Estrela


Hidroelétrica da Serra da Estrela

Informação do Museu Natural da Electricidade de São Romão - Seia

Na Senhora do Desterro em São Romão, a 800 m de altitude, num local particularmente agradável, nas margens do rio Alva, está instalado o Museu Natural da Electricidade. 
Trata-se da Central da Senhora do Desterro, uma das mais antigas centrais hidroeléctricas de Portugal, fruto da iniciativa de um grupo de industriais locais, que viram nas características hídricas da serra da Estrela um potencial energético que designaram por hulha branca.
Central da Senhora do Desterro
Tendo sido a primeira central do Aproveitamento Hidroeléctrico da Serra da Estrela, inaugurada a 26 de Dezembro de 1909, marcou o início de actividade da Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela (EHESE) e permitiu que, nessa data, a energia eléctrica chegasse a Seia pela primeira vez. 
Concebido pelo industrial António Marques da Silva foi construído, ao longo de seis décadas, um sistema de centrais hidroeléctricas em cascata, que percorrem altitudes entre os 400 e os 1600 metros e que têm os seus caudais regulados no Verão com as águas da Barragem da Lagoa Comprida, entre outras.
1907 foi o ano em que se iniciou a construção deste primeiro aproveitamento hídrico (Central da Senhora do Desterro), dos quatro existentes sobre o rio Alva. Seguiu-se-lhe em 1919 a da Ponte de Jugais, em 1937 a de Vila Cova e, mais tarde, a do Sabugueiro, empreendimentos que representaram um importante papel no desenvolvimento da electrificação regional.


Com ampliações sucessivas, a central da Senhora do Desterro, manteve-se em actividade até 1994 e, através de uma parceria entre a EDP e o Município de Seia, abriu ao público no dia 11 de Abril de 2011 transformada num espaço de fruição de memória que remonta, pois, aos primórdios da exploração da energia eléctrica em Portugal.

As Centrais Hidroelétricas da Serra da Estrela são :
Os pequenos sistemas 

Espalhados por todo o país encontram-se inúmeros pequenos empreendimentos hidroeléctricos que aproveitam os restantes rios portugueses. 

Muitos deles são antigos empreendimentos que representaram no passado um importante papel no desenvolvimento da electrificação regional. Pelo seu significado histórico destacam-se as centrais do Lindoso, no rio Lima, as da Serra da Estrela, as do Ave e as da Ribeira de Niza. 

A EDP mantém em exploração mais de 35 aproveitamentos mini-hídricos, com a potência instalada total de 271 MW. E a produção de cerca de 800 milhões de kWh, o que representa cerca de 2% do consumo médio do país.

Barragem da Lagoa Comprida
Sabugueiro I  - Rib. Da Lagoa -1947 EHSE Pot.12,80 Mw 

Quarta central do sistema da Serra da Estrela 

Sabugueiro II - Rib. Covão do Urso - 1993 EDP Pot. 10,00 Mw 

Desterro (N.a Sr.a do) Rio Alva 1909 - EHSE Pot. 13,20 Mw 

Primeira central do sistema da Serra da Estrela 

Ponte Jugais - Rio Alva 1923 - EHS Pot. 20,27 Mw

Segunda central do sistema da Serra da Estrela 

Vila CovaRio Alva 1937 EHSE Pot. 23,40 Mw 

Terceira central do sistema da Serra da Estrela
Sala de Máquinas da central hidroeléctrica da Nossa Senhora do Desterro
O Museu Natural da Electricidade, representativo da arqueologia industrial, alicerçou a sua exposição permanente nos equipamentos que durante décadas permitiram o seu funcionamento.

Aqui, podemos tomar contacto com o processo de produção da central, compreendendo o funcionamento dos quatro grupos geradores equipados com turbinas Pelton, do Painel de comando, da conduta, do canal da restituição da água ao rio Alva e, também, com diversas ferramentas de ap
Grupo Gerador Pelton da central da Nossa Senhora do Desterro
Um dos quatro grupos geradores hídricos Pelton originais que a 26 de Dezembro de 1909 produziram a energia eléctrica que chegou a Seia pela primeira vez....

Biografia de António Marques da Silva






António Marques da Silva nasceu em Gouveia no dia 26 de Julho de 1868 e faleceu em 28 de Agosto de 1953, com 85 anos.

Foi fundador em 1909 da Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela (EHESE) em Associação com António Rodrigues Frade e Guilherme Cardoso Pessoa, de Gouveia e António Rodrigues Nogueira, de Lisboa. O objectivo dessa empresa era aproveitar as águas da serra da Estrela para produção de energia eléctrica. Por isso, falar de Marques da Silva é necessariamente falar desta empresa de produção de energia eléctrica.
Possuidor de conhecimentos suficientes sobre a matéria, lançou-se na busca de água na Serra da Estrela, descobrindo que o caudal do Rio Alva era propício para a criação duma central. Feitos os estudos por técnicos franceses, foi assim concebido o projecto da Central da Senhora do Desterro, para levar a electricidade para a fábrica de Gouveia e fornecer energia às vilas de Seia e Gouveia.

As negociações para obtenção das licenças necessárias foram demoradas e difíceis, só em 1906 conseguiu o exclusivo do fornecimento de energia eléctrica a Seia pelo prazo de 35 anos, dando-lhe direito à posse das águas do Alva e da Ribeira da Caniça.

Em 25 de Setembro de 1908, António Marques da Silva obteve, por alvará régio, a concessão do aproveitamento das águas do Rio Alva entre as freguesias do Sabugueiro e São Romão, no concelho de Seia. No ano seguinte, 1909 era então criada a EHESE.

Em 23 de Dezembro de 1909, chegava a Seia a energia eléctrica produzida na central da Senhora do Desterro, colocada nas margens do Rio Alva, a 800 metros de altitude.

Cedo se verificou que o simples aproveitamento das águas do Rio Alva não chegavam e desde logo foi concebido o projecto de um reservatório regularizador, que desde o início estava previsto e que seria a Lagoa Comprida. A construção dessa barragem iniciou-se em 1911, em pleno coração da serra, sem estradas, sem acessos, sem luz, sem apoios de qualquer espécie. Em 1913, era atingido o objectivo definido: uma muralha em granito com 6 metros de altura, com o que se criava uma Albufeira, com a capacidade de cerca de 1.250.000 m3, situação que se manteve até 1928. Desde esta altura até 1966, nunca os trabalhos ali pararam.

Deste modo a Empresa Hidroeléctrica foi crescendo, sob o impulso inteligente de Marques da Silva. No fim da segunda Guerra Mundial, em 1945, o sistema produtor da empresa estava praticamente saturado, tendo-se já construído a Central do Sabugueiro, e que ficou a ser a hidroeléctrica mais alta do país – 985 metros. Até 1953 são introduzidos vários melhoramentos sob a superior orientação e iniciativa de Marques da Silva:

- A Barragem da Lagoa Comprida continua em aumento e a subir mais.

- Fazem-se ampliações do Canal, Câmara de Carga e Açude da Senhora do Desterro, e ainda o Canal da Ponte Jugais.

- Executam-se trabalhos para aproveitamento das águas da vertente de Loriga e faz-se a construção do Túnel para as conduzir à Lagoa Comprida.

- A rede de transporte de energia era nessa época já de 750 Quilómetros.

Relativamente à empresa, o seu capital inicial de 100 contos, foi elevado em Dezembro de 1917 para 600 contos, transformando-se numa sociedade mais vasta para a qual entraram novos sócios que haviam manifestado o desejo de participar neste grande empreendimento regional. Esta nova estrutura mantém-se até Maio de 1946, sempre com Marques da Silva à frente da Empresa e sucessivas elevações de capital que atingiu nessa época a quantia de 48 mil contos. Foi nessa altura transformada em sociedade anónima.

António Marques da Silva continuou a comandar a grande empresa à frente do seu Conselho de Administração, até 1953, ano da sua morte, tendo sido um dos homens que mais contribuiu para o progresso do Concelho de Seia.

Informação retirada do Blog Seia-Portugal de Mário Jorge Branquinho


1 comentário:

  1. muito bom artigo, e pesquisa documental concreta. parabéns pelo artigo e pelo blog.

    Cumprimentos.

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