segunda-feira, 22 de março de 2010

O Mosteiro de São Romão

(Condensado do livro do Pdre. João M. Lopes ( 1942)

NOTA - O autor deste Blog, apenas transcreve à letra, o que o Pdre. Lopes escreveu no seu livro. Errado ou certo, foi problema do autor. Pretende-se assim evitar comentários inúteis, e totalmente fora de propósito !

O Mosteiro da Estrela

Escreveu o Pdre. João M. Lopes
: « No tempo do Conde D. Henrique existia em São Romão, ou na Cabeça de Romão, o seu nome primitivo, uma ermida que ele próprio doou juntamente com casas, pomares e herdades a dois anacoretas chamados João Cidiz e Fáfila ou Táfila, ambos presbíteros.

Em 1128 transferiram estes mesmos anacoretas esta doação a D. Teotónio, primeiro Prior de Santa Cruz de Coimbra, para aqui fundar um convento de Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Em 1138 foi feita escritura pública de doação da Ermida com todos os seus haveres e nesse mesmo ano D. Afonso Henriques confirmou tal doação.
Muitas e importantes ofertas se fizeram então ao Mosteiro. D. Elvira Moniz, senhora de Seia, logo em 1139, doou-lhe uma rica herdade que possuia em Bobadela. Em 1140, um fidalgo de nome Ansedo e sua mulher Gentile fizeram também doação de todas as herdades que possuíam na freguesia de Lagares.

Com estes e outros recursos a Ermida foi-se desenvolvendo e progredindo. Ainda em 1140 foi o Convento murado e construida uma torres para defesa do próprio Mosteiro, com então estava em uso. Em 24 de Junho de 1142, dia de são João Batista, fez a sua entrada solene neste mosteiro, vindo de Santa Cruz de Coimbra, o Prior D. Paio Godinho acompanhado de nove cónegos. As doações continuaram, a ponto de o Convento possuir a melhor parte das terras da região. Entre os doadores distingue-se Fernando Rairiguiz que em Julho de 1142 entregou um casal que possuía em Nogueirinha.

As herdades que Dúcio tinha em Fonte Cova, foram também propriedade do Convento. ( É de notar que ainda hoje se dá este nome de Fonte Cova, às propriedades sitas a poente desta vila na direcção de S. Tiago de Seia. ). D. Sancho I continuou, como seu pai,a obra de protecção a este convento. Todas as doações, até aqui feitas, foram confirmadas por D. Sancho I. A Rainha D. Dulce, sua mulher, comprou por cem morabitinos a vila do Ervedal e fez dela oferta ao Convento de S. Romão.

Viviam os monges neste opulento mosteiro, quando, em 17 de Fevereiro de 1196, os mouros pôem cerco ao Convento. A resistência que lhe ofereceu com o seus muros e fortíssima Torres, foi grande. Vendo os mouros a impossibilidade de o obrigar a render-se, cercam-no de lenha e põem-lhe em seguida, o fogo. As chamas avivaram-se a tal ponto que o convento ficou reduzido a cinza. Os Cónegos com o seu Prior, que era ainda o primeiro, não escaparam ao pavoroso incêndio. Ao local do seu martírio deu a tradição o nome de Purgatório. É este o nome que conserva, ainda hoje o bairro desta vila onde se supôe ter sido edificado o referido convento,

Não há documentos que garantam a data da sua reedificação. Sabe-se no entanto, que 30 anos após esta catástrofe ( 1226 ), já era de novo habitado. Nesta data D. Sancho II pretendeu tirar-lhe a vila de Valezim. A contrariar seus intentos, surgiu a oposiçao do Prior de São Romão que era então D. André Alvarez, o qual afirmava ser do seu couto e continuou a sê-lo. Algum tempo depois foi segunda vez destruído. Não se sabe porquê e por quem. É certo, porém que, em 1450, o convento de Santa Cruz de Coimbra tinha ainda jurisdição cível do couto de São Romão. Perpetuando a memória deste convento, existia ainda em 1660 a Torre que os Condes de Portalegre mandaram demolir quando Senhores do couto de São Romão. D. Manuel, em 1514,dotou esta vila com foral e deu o seu senhorio ao Conde de Portalegre que nesta data era D. Diogo da Silva. »

OUTRA VERSÃO - O Sr. Alberto Monteiro da Silva, escreve na Enciclopédia das Localidades Portuguesas :

« Há notícia de, em 1057, ter sido reconquistada aos Mouros por D. Fernando, o Magno. Em 1106, os pais de D. Afonso Henriques concederam carta de povoamento de S. Romão a dois presbíteros, João e Fafila. Estes, por sua vez, doaram todas as terras que aqui possuíam, e eram muitas, ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Em 1138, D.Afonso Henriques confirma a doação e dá carta de couto da «ermida de S. Romão» ao predito mosteiro. Tendo fundado aqui um convento, os frades de Santa Cruz ocuparam-no em Junho de 1142.

Senhor de algumas povoações e vastas terras nesta região, o Mosteiro de Santa Cruz concedeu Carta de Foro aos habitantes de S. Romão em 1144. Com este primeiro Foral, estavam lançados os fundamentos da Vila de São Romão. »
« Fernando Magno – Em 1057, reconquista S. Romão aos mouros. Os condes D. Henrique e D.Teresa – Em 1106, concedem carta de povoamento aos presbíteros João Cidiz e Fafila

D. Afonso Henriques – Em 1138, « faz Carta de Couto à Igreja de Santa Cruz da Ermida de São Romão» S. Teotónio – Em 1142, funda um convento, dependente de Santa Cruz de Coimbra, o qual veio a ser senhor de vastas terras, pois que do "Livro Santo" constam cerca de meia centena de registos, entre compras e doações recebidas. Santa Cruz concedeu Carta de Foro (Foral) aos habitantes da «Villa da Sam Romam», em Outubro de 1144.

D. Paio Godinho – Primeiro Prior do convento de S. Romão, aí chegou em 24 de Junho de 1142, acompanhado de nove cónegos. Em 17 de Fevereiro de 1196, os Mouros puseram cerco ao convento, vindo a perecer, queimados, os cónegos e o seu Prior. Diz a tradição que foi no local do "Purgatório". Em 1226, já estava reconstruído.

Egas Moniz – Prometeu a N. S. da Estrela a fundação de um mosteiro, o qual veio a ser edificado por seu filho, Lourenço Viegas. Nele se instalaram os monges de Cister

Nota - Parece que o Pdre. João M. Lopes, se equivocou em algumas das datas, na sua descrição do Mosteiro. No entanto a Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, diz que o Mosteiro de Santa Maria de Seia ou da Estrela, e portanto a sua possível destruição pelos mouros, não passa de uma lenda.

Mas que a década de 1190 corresponde a uma época de recuperação muçulmana no território português, o califa Al-Mansur reconquista todos os territórios portugueses até ao Tejo, excepto Évora, atravessa o Tejo e é muito natural que em atitude de fossado, abastecimento ou exploração as suas tropas possam ter chegado, com ou sem Mosteiro, até estas terras da Serra.
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