Descrição da Vila
Diz o livro : « Situada no sopé da encosta Noroeste da Serra da Estrela, a 590 m de altitude, entre as bacias do Alva e do Seja, embora mais próxima do primeiro, a actual povoação de São Romão é herdeira de uma longa História da presença humana na região.
Diz o livro : « Situada no sopé da encosta Noroeste da Serra da Estrela, a 590 m de altitude, entre as bacias do Alva e do Seja, embora mais próxima do primeiro, a actual povoação de São Romão é herdeira de uma longa História da presença humana na região.
O povoamento da área de São Romão começa a ser arqueologicamente detectável a partir do final do terceiro milénio a. C., altura em que se verifica uma primeira presença de pastores na serra, cuja acção se traduz numa desflorestação parcial dos seus andares médio e superior. Consentâneos com esta datagem, na base do Cabeço do Crasto, no Buraco da Moura, foram encontrados materiais que podem representar a presença de gentes que procuravam o acesso tradicional à serra pelo interflúvío do Alva e da Caniça.
Mas, já antes da época referida, existia presença humana na região envolvente, representada nos monumentos megalíticos que constituíam as respectivas necrópoles. Toda esta fase corresponderia a comunidades com grande mobilidade e que iniciariam a prática da transumância de ovi-caprinos, completada por caça e recolecção e, a partir exclusivamente da chame ira II / III milénio a. C., desenvolveriam metalurgia e mineração, inicialmente do ouro de aluvião em. que a bacia do Alva foi importante e, mais tarde, da cassiterite.
O desenvolvimento da Idade do Bronze terá conduzido a uma intensificação da produção agrícola com a introdução do centeio, atestada para a região a partir do último quartel do II milénio a. C.. Mais uma vez o Buraco da Moura parece poder fornecer dados para compreender melhor a vida destas populações para quem os pastas de verão na serra continuam a constituir um dos atractivos de passagem e eventual fixação local.
Pensamos, aliás, que uma das razões principais para a construção do primeiro povoado que ocupou o topo Oeste do Cabeço do Crasto de São Romão, terá sido o seu total domínio da grande via tradicional de acesso à serra, por entre o Alva e a Caniça, a que se junta o controlo do caminho que virá a ser o seguido pela via romana que pelo vale do Alvoco e Alva seguiria em direcção às modernas Avô, Coja e Arganil, com os respectivos recursos mineiros.
História da Vila
E assim que, nos primeiros séculos do 1 milénio a. C., se fortificam no topo do Cabeço do Crasto os primeiros habitantes de um povoado que irá crescer e alargar-se até abranger, na sua fase de maior expansão, uma área de quase 15 hectares. Aproveitando as excelentes condições naturais de defesa, estas populações do final da Idade do Bronze, dotadas já de uma metalurgia evoluída, pressagiam, na fortificação do seu estabelecimento, a etapa seguinte da História regional embora não se encontre ainda bem caracterizada, parece bastante possível a continuidade local, de ocupação humana durante a Idade do Ferro.
Nessa época, as áreas montanhosas sobranceiras à actual São Romão seriam solar de Lusitanos, ferozes opositores à penetração romana que, nesta região, só terá sido concluída na segunda metade do século 1 a. C..
A semelhança do sucedido em outros antigos povoados do actual território português, o Cabeço do Crasto não foi abandonado nos primeiros séculos da Era Cristã, mas terá sofrido substanciais transformações: na sua estrutura, passando a conter edifícios de boa cantaria e cobertura em telha; e nas suas funções, passando a enquadrar-se numa mais vasta unidade económica e administrativa, a província romana da Lusitânia.
De entre as diversas transformações operadas pelo processo de romanização, destacaremos duas, pelas implicações de que se revestem para a zona de São Romão: o estabelecimento de uma mais complexa e eficaz rede de comunicações e novo substancial incremento da agricultura. Assim, o velho castro, remodelado, não perdeu, certamente, a sua importância como ponto de passagem obrigatória para a transumância de rebanhos, no seu percurso para as pastagens serranas, mas, mais abaixo, prosperaram outros centros habitacionais mais vocacionados para as práticas agrícolas.
No bairro do Casal Novo, já na actual área urbana de São Romão, recolheram-se inúmeros testemunhos de estruturas habitacionais de época romana, constituindo, eventualmente, o mais antigo estabelecimento humano permanente, nestas zonas baixas, longínquo antepassado do actual burgo.
No caminho que, do bairro das barreiras, conduz à fábrica velha, entroncando com a moderna estrada que conduz à Senhora do Desterro, existem, algumas parcialmente ocultas pelo alcatrão, grandes lages denunciando a presença de antigo caminho, provavelmente a via romana, que subia à Senhora do Desterro, servia o Cabeço do Crasto, transpunha a ribeira da Caniça por uma ponte ainda existente (com prováveis e sucessivas reconstruções ao longo dos séculos) e seguia por Valezim, Loriga e vales do Alvoco e do Alva, ligando-se ao sistema viário principal, na confluência com o Mondego. (...) »
Do Livro " Personalidades ilustres e Figuras típicas da Vila de São Romão", da autoria do Dr. Carlos Manuel Ribeiro da Silva Dobreira , docente universitário.
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